A falta de estímulos prazerosos nos primeiros anos de vida pode levar a criança a uma dificuldade de adaptação sensorial, bem como atraso no seu desenvolvimento motor (Barbosa, 2007).
Segundo Melissa Gurgel, fisio da Clínica Ludens, é necessário fazer a intervenção precocemente quando uma criança apresenta desordens do neurodesenvolvimento, que podem ser vistas nas áreas motora, sensorial, linguagem/alimentação e psicossocial. “Assim, podemos obter respostas motoras próximas da normalidade, minimizando padrões atípicos”, explica.
A Clarice, de 1 ano e 7 meses, já começou seu tratamento na Clínica Ludens. Segunda Melissa, a intervenção é considerada precoce quando iniciada antes que os padrões de postura e movimentos atípicos mencionados acima tenham sido instalados.
O Comitê da Organização Mundial da Saúde ressalta a importância da intervenção precoce no desenvolvimento da criança com Síndrome de Down (SD) e outras deficiências. “Pesquisas semelhantes em metodologia revelaram a consequência da estimulação psicomotora sobre o QI de crianças com SD, comparadas a grupos controle com a mesma síndrome e o QI de crianças com SD comparadas a crianças com desenvolvimento espontâneo e os resultados indicam diferenças significativas, beneficiando o desenvolvimento das crianças estimuladas”, diz Melissa, baseada no autor Moreira (2000).
Ainda, o fato de a criança estar repetindo e praticando as atividades motoras, como rolar, sentar, ajoelhar, passar para gatas e para de pé, durante sua movimentação espontânea, contribui pra a formação dos mecanismos plásticos do Sistema Nervoso Central (SNC). “Outro ponto positivo diz respeito à capacidade plástica observada no encéfalo em desenvolvimento, o que justifica o início precoce dos atendimentos de uma criança com Síndrome de Down. A criança com SD possui alterações no seu SNC e alguns autores as correlacionam com o prejuízo motor observado. Um atraso na maturação de vias córticocerebelares observado nestas crianças, por exemplo, poderia ter relação com o pouco equilíbrio apresentado nos primeiros anos de vida”, aponta Melissa.